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Alzira Sucuri: a 'noiva' das ruas de Sorocaba

Alzira Corrêa foi uma personalidade popular da cidade entre as décadas de 1970 e 1980

Inaiê Mendonça


Alzira Corrêa, mais conhecida como Alzira Sucuri faleceu em agosto de 2000 (Crédito: Arquivo/JCS)

Personalidade popular da cidade de Sorocaba, entre as décadas de 1970 e 1980, Alzira Corrêa, também conhecida como Alzira Sucuri ou Alzira Louca era conhecida pelos munícipes como a mulher que andava vestida de noiva pelo município.


Recebeu o apelido de ‘Alzira Sucuri’ ou ‘Alzira Louca’ por frequentar constantemente a praça Coronel Fernando Prestes, no centro da cidade. Ficou conhecida por falar que era uma noiva abandonada no altar. Seus ‘noivos’ eram pessoas da sociedade, segundo suas histórias.


Alzira xingava os moleques que a chamavam de ‘Sucuri’. De acordo com o livro do escritor Carlos Carvalho Cavalheiro, ‘Folclore em Sorocaba’, quando ela via um casal de namorados exclamava ‘casar que é bom ninguém quer’. Por muitos anos ficou internada no Hospital Psiquiátrico Jardim das Acácias até 17 de agosto de 2000 quando faleceu.


Ela, através de um sorriso desdentado, ocasionava medo, alegria e admiração ao mesmo tempo. Desde 1986 não era mais vista pelas ruas que andava.


Para o professor de História e historiador, Carlos Carvalho Cavalheiro, de 50 anos, houve registros de fotos da Alzira vestida de noiva quando ela estava internada no Hospital Psiquiátrico Jardim das Acácias.


O historiador conta que ocorre uma curiosidade popular de saber porque existia essa fixação dela por casamento.


“Aquilo que é mais divulgado se torna mais verdade do que o próprio fato”, afirmou.


Para ele, Alzira provavelmente não teria autonomia para contar a própria história, devido aos problemas de saúde que tinha.


A fixação que Alzira tinha pelo assunto “casamento” teria sido porque ela foi abandonada por seu noivo. Segundo Carlos, se a figura da Alzira aparecesse nos dias atuais , provavelmente passaria despercebida por conta da agilidade em que as pessoas vivem o dia a dia. “ A figura da Alzira, traz certa nostalgia de uma Sorocaba que talvez a gente não reconheça mais. Talvez as pessoas sintam a necessidade, essa saudade do tempo em que você reconhecia as pessoas, até mesmo aquelas que eram apenas andarilhos e estavam presentes nos lugares”, finalizou.


“Ela era a inocência, a criança, a sonhadora e para muitos: motivo de chacota”.


Professor de História e historiador, Carlos Carvalho Cavalheiro diz que provavelmente Alzira Sucuri não teria autonomia de contar a própria história (Crédito: Inaiê Mendonça)


Aos 11 anos de idade, o radialista Rudnei Vieira, de 58 anos, lembra de ver Alzira todos os dias, pois trabalhava em uma loja na rua Coronel Benedito Pires. Ele sentia medo de Alzira, pois as pessoas diziam que se a chamassem de ‘Alzira Sucuri’, ela corria atrás de quem pronunciou tais palavras.


Rudnei não se lembra de ver Alzira correndo atrás de ninguém, mas outras pessoas viram nas ruas do Centro, principalmente na Praça Coronel Fernando Prestes e na escadaria da Catedral de Nossa Senhora da Ponte.


Durante os surtos que Alzira costumava ter, o radialista afirma que eram os momentos em que mais sentia-se com medo. Para ele, Alzira foi uma mulher introspectiva, querida e respeitada pelos comerciantes do centro.


Conforme o radialista, os donos de bares da região em que ela andava davam algo para ela comer.


Referência nos dias atuais


A 21° edição da feira do beco do inferno realizada em 12 de junho deste ano na praça Frei Baraúna em Sorocaba desenvolveu pela primeira vez a medalha cultural Alzira Sucuri.


Conforme a atração, a medalha surgiu de uma necessidade de premiar os agentes culturais da cidade que possuem uma trajetória marcada pela resistência e também denunciar as mazelas da falta de políticas públicas culturais da cidade. Para o evento, a condecoração trata-se de uma honraria simbólica.


A feira do beco do inferno trata-se de um evento realizado desde 2016, por iniciativa de um grupo de artesãos e artistas de Sorocaba.


A atração tem como objetivo promover a união, o intercâmbio artístico e estimular a exposição e venda de produtos autorais e artísticos.


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