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Amor ao Cinema e Vida no Canadá; a busca pelo sonho de fazer o que ama

Atualizado: 27 de nov. de 2022

A trajetória de um carioca da gema até chegar a um dos maiores podcasts de cinema do Brasil


Leonardo Lopes


Desde o primeiro instante de conversa, o sorrisão no rosto e a disponibilidade escancaram a simpatia de Alexandre Almeida, um dos apresentadores do “Cinemou Podcast”. Toda leveza e tranquilidade que se tem durante o “bate papo sobre cinema” como o próprio gosta de definir o Cinemou, foi percebida durante a nossa conversa.

Alexandre Almeida durante o Cinemou Podcast (Reprodução: Alexandre Almeida)


Nascido em 1988, passou os nove primeiros anos de vida na cidade maravilhosa, até se mudar para Araruama, interior carioca em 1997, Alexandre conta que sua relação com o cinema vem desde criança, seja com as fitas VHS que seus pais usavam para gravar filmes como o “Batman” de Tim Burton, Jurassic Park e os filmes da Disney ou pela influência do tio, que era apaixonado por cinema e o apresentou franquias de sucesso que fazem parte da vida de Alexandre até hoje como Star Trek, Star Wars, De Volta Para o Futuro, Indiana Jones. A relação com Jurassic Park e com Steven Spielberg é tão grande que Alexandre não esconde sua admiração pelo cineasta e vê nele e definição de cinema, ainda diz que a primeira lembrança dentro de uma sala de cinema foi para assistir “Mundo Perdido”, segundo filme da trilogia de Jurassic Park.


Formação: Frustração e a Volta para o Rio de Janeiro


De volta à terra Fluminense em 2007 para cursar Relações Públicas na UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), Alexandre sempre quis fazer cinema, mas teve seus planos frustrados por apenas três colocações ao prestar vestibular para UFF (Universidade Federal Fluminense) localizada em Niterói, a única universidade pública que tinha o curso. Ao contar que já teve muitos trabalhos com assessoria de imprensa, diz que Jornalismo também era uma de suas opções, mas seguiu o caminho de RP mesmo.


De volta ao Rio, sentiu um choque.


“Você volta para uma realidade que não é mais sua, tem que se adaptar de novo” comenta Alexandre ao contar que foi assaltado logo no primeiro período da faculdade. Com o tempo, a adaptação é natural e o podcaster diz aprendeu a gostar mais do Rio e hoje sente falta de sair com os amigos para barzinhos, ir ao estádio ver jogos de futebol, relação com o futebol essa e também com o Vasco da Gama, seu time do coração que aumentou durante essa época, com idas frequentes ao Maracanã.


Críticas e Análises


Alexandre fez um curso de críticas do renomado crítico brasileiro Pablo Vilaça, ele avalia ter sido muito importante para entender a estrutura da crítica e não o que escrever, pois ressalva que a crítica é pessoal, é o que você sentiu sobre a obra e jamais se deve falar o que o outro tem que escrever. Antigo fã do Omelete, não faz questão nenhuma de esconder ou negar a importância que o portal teve para a sua vida e para a de muitas pessoas que gostam de cinema. Gostar do que faz, e não ir de má vontade é o grande segredo de suas críticas, ressalva que está lá para sentir as emoções que o filme quer passar e avaliar a partir disso também, podendo depois com mais calma mudar um pouco a opinião sem problema nenhum.


Ida ao Canadá e Uma Nova Chance para o Sonho


Alexandre viu sua então namorada, hoje atual esposa Renata, fazer intercâmbio em terras canadenses durante dois anos, e entre idas e vindas que um relacionamento a distância acaba ocasionando, a decisão de irem juntos e definitivamente ao Canadá teria uma condição, realizar o tão sonhado curso de cinema. Sonho esse que só viria a se realizar quatro anos após a mudança para Vancouver, que é uma região muito popular cinematograficamente falando. Do trabalho de cozinhar salada, batatas fritas em restaurantes, do escritório de uma empresa de comidas congeladas até chegar à cidadania permanente e possibilidade de finalmente poder dar início ao curso de roteiro para filme, TV e games passou por muitas coisas, curso esse que realizado de maneira integral, o que obrigou Alexandre a se dedicar exclusivamente a ele nesse período.

“É um curso de roteiro para filmes, TV e vídeo games, a gente aprende o básico sobre os três e depois você escolhe o qual quer especificar, tá sendo uma experiência muito legal, você começa a aprender coisa que não tinha noção, você começa a observar as produções de outra maneira, prestar mais atenção em detalhes que antes não se prestava”.

Sobre a adaptação a um país completamente diferente com culturas e um estilo de vida distinto ao do Brasil, Alexandre conta que a segurança e a ausência de preocupação são realmente os maiores bônus que existem, ele ressalva que obviamente têm dificuldades e destaca os problemas com drogas, que assim como no Brasil é um problema de saúde pública, mas não chega a ser um problema social e de violência como em solo brasileiro. Ao citar a situação climática, frisa que Vancouver é extremamente mais ameno que outras regiões como Toronto, Montreal e Winnipeg, e que consegue ter tranquilidade também nesse quesito.


Ricardo Rente e o Início do Cinemou

Capa do Cinemou Podcast (Reprodução: Spotify Cinemou Podcast)


Alexandre não conhecia o já atuante na internet com vídeos sobre filmes Ricardo Rente, até trabalhar no restaurante com a esposa do futuro parceiro, Juliana, que fez o meio de campo para o que se tornaria um dos maiores podcasts de cinema do Brasil, o primeiro encontro não existiu muita possibilidade de conversa, mas ao se tornar frequente as reuniões entre as famílias, à relação foi se estreitando até Ricardo revelar a vontade de fazer um podcast, que teria inspirações maiores nos podcasts americanos, com um viés maior de bate papo, que foi sempre a vontade da dupla, e não da maneira mais tradicional como estamos acostumados, com edição, inserção, citando o exemplo que o próprio Alexandre deu, o “RapaduraCast” do portal “Cinema com Rapadura” e ainda coube um elogio ao criador Jurandir Filho.


“Um formato diferente, um bate papo mais cru e muito sem pauta, começa com a pauta principal, o filme e vai desenvolvendo, como uma conversa entre amigos”. Assim Alexandre definiu o Cinemou.


Aproximadamente três meses após esse momento, surgiria a primeira edição do Cinemou Podcast, sobre o filme “Coringa” (2019), e de lá para cá a relação entre os apresentadores só cresceu e virou uma verdadeira amizade, causando até uma evolução na dinâmica do podcast, e levando a uma recente coluna elogiando o produto na Folha de São Paulo.


Governo, Cultura e Cinema Nacional


A dificuldade acesso ao cinema brasileiro a quem está fora do país é gritante, e a falta de investimento cultural é o principal motivo para isso acontecer, mostrar essa falta de incentivo à arte para o mundo afora é extremamente importante, segundo Alexandre. Ele nos conta que para assistir aos filmes brasileiros depende dos grandes conglomerados de streaming, e que poucos filmes vão aos festivais, e esse número só diminui, em 2019, o crítico conta que pôde ver três filmes e que em 2022 apenas um longa foi exibido.


“A gente tem quatro anos de congelamento da cultura, onde não se tem investimento nenhum, não se tem divulgação nenhuma”.

Futuro e Novidades


O crescimento do Cinemou parece ser exponencial, focar nesse quesito é o foco da dupla para o futuro do projeto, trazer mais público para os temas e filmes menos populares é uma preocupação que eles observam de perto, além disso, ter um site para hospedar tanto o áudio disponível nas plataformas, quanto o vídeo disponível no Youtube é outro fator que os hosts do podcast têm em mente. Alexandre escreve suas críticas para o site “Hybrido” e deseja escrever os seus próprios projetos em breve, é o principal objetivo pessoal de Alexandre para o futuro. Entregue o primeiro rascunho de um projeto original.


“Foi muito legal poder ter esse papel, pegar ele na mão, ver o meu nome..., mas é o primeiro passo, quero daqui a um ano quando eu me formar, poder já estar em algum lugar trabalhando com isso, ou escrevendo minhas próprias histórias, ou produzindo conteúdo sobre cinema, quero de alguma maneira falar da nossa cultura para o pessoal aqui fora, que as minhas obras tenham pelo menos uma pitada da minha origem, esse é grande objetivo que eu tenho”.

No fim, Alexandre só estende a simpatia que foi durante toda a conversa, e fala que sempre se propõe a ajudar pelo fato de já ter sido universitário e saber das dificuldades, além de deixar claro a felicidade de poder falar sobre a sua trajetória e seus projetos.


Acompanhe o Cinemou Podcast:




















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