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Inferno astral, não existe?

Saiba o que é o inferno astral, quando ele ocorre e o porquê ele certamente não existe


Jennifer Alexandre

Os signos são divididos pelos quatro elementos ar, fogo, água e terra


Antes de falar sobre o inferno astral precisamos falar sobre como os conceitos da astrologia surgiram…


Os primeiros registros sobre a astrologia como conhecemos hoje foram encontrados na Mesopotâmia, onde arqueólogos descobriram registros do povo sumério que vive na Mesopotâmia desde cerca de 5.000 a. C. Foram encontradas tabelas planetárias gravadas em tijolos, tabuletas de argila com previsões de eclipses lunares e solares de 1.000 a.C e documentos escritos por habitantes. Como também foram encontrados mapas astrais que relacionavam mudanças no céu a tempestades e secas severas, feitas pelos povos assírios e babilônios que se estabeleceram na área posteriormente.


Os povos da Babilônia, Pérsia, Suméria, Egito, Assíria e os Caldeus também possuem registros astrológicos e junto com a Mesopotâmia eles formaram a base do conhecimento astrológico que posteriormente foi desenvolvida pelos gregos. Visto que, em 334 a.C o macedônio Alexandre, o Grande conquistou o Império Persa. Assim os pensadores gregos herdaram séculos e séculos de registros de observação astronômica.


Por volta do ano 150 d.C o matemático grego Cláudio Ptolomeu criou a teoria do Almagesto, que afirmava que todo o Sistema Solar girava em torno da Terra. Embora estivesse completamente errado, seu estudo impulsionou a criação de outras obras, ele escreveu o Tetrabiblos, uma coletânea de quatro livros que falava sobre interpretar cada um dos planetas e, a partir disso, traçar um mapa astral e calcular a longevidade individual de alguém.

Muitas publicações começaram a surgir sobre o assunto e com todas essas novas observações e esses novos conhecimentos sendo registrados, começou a surgir a astrologia e os mapas astrais como conhecemos atualmente.


A astrologia contemporânea e o inferno astral

Mapa astral completo de colunista da Plural (Foto de Personare)


A astrologia de hoje estuda a relação dos corpos celestes, como os planetas, o sol e a lua com a vida das pessoas e acontecimentos na Terra. Mas, ao contrário do que muitos acreditam, ela vai além de previsões em horóscopos diários. Os astrólogos analisam individualmente as pessoas e orientam para melhores escolhas em suas vidas, a partir da consideração de pontos fortes e fracos em seus mapas astrais.


De acordo com Milena Katarina, astróloga especialista em mapas astrais, formada pela Templo Escola Tríade em São Paulo, “o mapa é como uma pizza de 12 pedaços, em que cada pedaço é uma parte do que é uma determinada pessoa”.


Um mapa astral é como uma foto do céu quando uma pessoa nasce, ele indica as posições das estrelas e de todos os corpos celestes em relação à terra. A partir disso, o mapa pode determinar aspectos da personalidade, tendências de habilidades, comportamento em relacionamentos amorosos, comportamento com amigos, família, no trabalho e muito mais. Basicamente, o mapa é dividido em 12 áreas, chamadas de casas, que são influenciadas pelos planetas e pelos signos.


Mas, afinal o que é o inferno astral? E qual a relação dele com os mapas astrais?

Lista da relação entre as casas, os signos e os planetas do mapa astral da colunista da Plural (Foto de Personare)


A teoria do inferno astral afirma que o período de 30 dias que antecede o seu aniversário consiste no período de inferno astral, que seria o momento em que tudo vai dar errado na sua vida, pois é o encerramento de um ciclo astrológico, assim seria um período de introspecção e reflexão. Apesar de muito conhecido, o termo inferno astral é uma invenção contemporânea, e não se sabe quem criou, mas para a astrologia o conceito de inferno astral não existe.


A astróloga Milena nos conta um pouco sobre o que sabe em relação a essa questão, “o inferno astral, ele já começa com uma polêmica, pois teoricamente ele não existe. A teoria do inferno astral, ela vem junto com a imprensa contemporânea, com a necessidade de ter algum conteúdo que já fazia sucesso no jornal, nos anos de 1920 a 1950. Precisava-se colocar esse conteúdo nas revistas trazendo uma coisa nova, uma coisa que chame a atenção das pessoas. Assim trouxeram esse conceito do inferno astral e esse conceito ele vem junto com a necessidade do ser humano de ter conflito entre o bem e o mal. Na astrologia você tem o nascimento que é o ascendente e você tem a morte que é o descendente lá na casa 7.”


Basicamente, a teoria do inferno astral acredita que quando o sol está a 30 dias de entrar exatamente no grau que ele estava quando você nasceu, vai se iniciar um período em que os astros e corpos celestes vão contribuir para que todos os aspectos da sua vida tenha mais chances de dar problemas.


Milena explica essa relação do mapa com a teoria do inferno astral, “o mapa natal, ele é soberano, você nasceu e tem lá a sua certidão de nascimento astrológica, mas os planetas se movimentam e a teoria do inferno astral usa só o Sol e muitas vezes tem outros planetas fazendo muito mais por você no seu mapa. O Sol vai passar uma vez por ano no grau em que você nasceu e é só isso ! E às vezes ele é um sol mal posicionado, como quando ele está em signos de inverno, por exemplo, Capricórnio, Aquário e Peixes e não exerce a potência que ele tem que ter.”


A astróloga explica como os conceitos da astrologia são usados para refutar as afirmações do inferno astral. “É importante dizer que cada casa tem mais de um significado e que a ênfase disso vai se dar de acordo com o mapa de cada um. E teoria do inferno astral trata tudo como se fosse uma coisa só, como se os filhos fossem a mesma coisa que o trabalho, a mãe fosse a mesma coisa que o irmão, como se fosse tudo uma coisa só. E não! No mapa os assuntos podem estar correlacionados, mas eles não são a mesma coisa, eles têm uma hierarquia e é tudo separado”, a astróloga afirma.


A astrologia e o estudo do mapa astral servem como ferramentas de autoconhecimento, pois podem auxiliar nas escolhas das pessoas. A teoria do inferno astral determina que todos os anos no mesmo período você irá lidar com problemas, assim será fundamental ter conhecimento sobre os pontos fracos e fortes do seu mapa.


Milena explica como esse aspecto de ter problemas todos os anos no mesmo período é refutado. “A teoria do inferno astral cai por terra porque se sempre um mês antes do seu aniversário você tem que ficar atento a tudo que acontece, então problema resolvido. Dois mês antes do seu aniversário você começa a resolver as coisas, chegou um mês antes está tudo certo.Você não passa por problemas, certo? O segundo ponto que essa teoria cai mais por terra ainda mais é a questão do posicionamento em casas. O mapa astral ele tem 12 casas, vamos supor que uma pessoa nasceu com o sol, ou seja, o dia do aniversário dela, na casa 10, então na teoria do inferno astral toda vez que faltasse um mês para o aniversário dela, ela teria problemas relacionados a casa 9, então não faz sentido, se todo ano você terá problemas relacionados aquela casa, você trata aquela questão, problema resolvido, ano que vem você não vai ter mais problemas lá.”

A leitura de mapa astral é importante para entender quais aspectos são importantes no mapa cada pessoa


A teoria do inferno astral usa apenas o aspecto do signo que a maioria conhece, ou seja, o Sol dentro do mapa astral, ele não considera os planetas e nem as casas, mas o “signo do inferno astral”, ou seja o signo que está no posicionamento do Sol quando o inferno astral acontece ele está dentro do seu mapa astral em alguma casa e nessa casa certamente terá algum planeta posicionado.


“Pensando na questão do posicionamento em casas, mais importante talvez do que pensar em signo é pensar em planetas. Uma pessoa que tem o sol em virgem é um sol que não está muito bem posicionado, mas okay, é o sol, é a energia vital. Porém um mês antes o sol está na casa dele que é leão, - o Sol é regente do signo de leão - então os assuntos da casa onde tem leão no mapa, eles vão estar com a força total, óbvio que problemas acontecem a todo momento e em todos os setores da nossa vida, porém se a pessoa tem um posicionamento bom relacionado a aquela casa do mapa de leão dá tudo certo, mas entre aspas, então isso refuta a teoria do inferno astral”, a astróloga fala sobre como funciona a influência das casas e planetas no mapa e como isso questiona a teoria do inferno astral.


A teoria também é refutada em outros aspectos. “Tem duas coisas, primeiro que nunca foi um ponto a ser observado, porque na astrologia de linha clássica que vem dos caldeus antes de cristo, o que é mais importante são os planetas e não os signos, então nunca foi observado essa questão de movimento planetário antes do aniversário, isso não era observado. Eles observavam Saturno, Júpiter e o grande maléfico e o grande benéfico, porque isso era usado para a guerra e para a colheita, então isso nunca foi observado. Na linha mais moderna e contemporânea não tem tempo! Você não tem base de dados, precisa-se de bastante tempo, 300 anos pelo menos, por conta do movimento dos planeta, vai levar um ano inteiro de Sol mais dois anos e meio de Vênus e para analisar a vida de uma pessoa pelo menos 30 anos que é o retorno de Saturno, então precisa-se de dados e não dá para coletar dados de tanta gente assim”, afirma a astróloga Milena.


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Como abordado anteriormente, os primeiros conhecimentos sobre o inferno astral são da Mesopotâmia e a astrologia que conhecemos hoje traz muitos aspectos da sua evolução a partir dos gregos, isso quer dizer que muitos povos contribuíram, assim como, aconteceram diversas traduções. Além disso, também não se sabe ao certo quem inventou a teoria do inferno astral, nem quem refutou a sua existência.


“Quando se fala de astrologia moderna, contemporânea tem um grande ponto que é a tradução, muita coisa foi traduzida de uma maneira literal e daí pode-se ter vindo com isso do “inferno” que geralmente tratam como a casa 7 que é o descendente. E para a astrologia clássica usa-se muito pouco o signo, na hierarquia o que importa primeiro é o planeta. A base tudo parte dos planetas e tudo parte do ascendente”, declara a especialista.


Talvez você se questione, “isso quer dizer que o signo que está na casa 7 do meu mapa seria meu inferno astral? A astróloga explica que não, “algumas traduções trazem como sendo o inferno, elas foram feitas dessa forma, mas não que esteja escrito assim, não que o autor tenha colocado isso, mas traduzindo, colocam com essa dualidade, o bem está no ascendente e o mal está no oposto, descendente, casa 7.


Mas e o meu signo inferno astral e o paraíso astral?

O sol é o regente de leão e o signo de câncer teoricamente seria o inferno astral de leão


Além de tudo isso, o inferno astral também classifica o signo anterior ao seu no zodíaco como o seu signo inferno astral e isso quer dizer que pessoas desse signo são pessoas que você não vai se dar bem, não vai gostar e não vai conseguir ter uma boa relação.


Isso quer dizer que se você é de touro o seu signo inferno astral será áries e as pessoas deste signo serão difíceis de lidar para você, tem muito mais chance de vocês não se darem bem e as chances de uma amizade sincera ou um relacionamento amoroso bem sucedido são quase nulas. Criou-se também o oposto, a teoria do paraíso astral, em que o próximo signo do zodíaco do mesmo elemento que o seu seria o seu paraíso astral, ou seja, seria um período favorável para você e também seria um signo que você teria muita afinidade.


Milena nos conta como essa parte da teoria também é refutada,"se refuta pelo fato de que não é porque é o mesmo elemento que você vai se dar bem, não! Exemplo do elemento água, escorpião é água, pode-se pensar que vai se dar bem com câncer, mas escorpião é regido por Marte, o senhor da guerra que também rege áries. Então uma pessoa intensa, fervorosa, passional como ela vai tratar uma pessoa que é mais carinhosa, do cuidado, é óbvio que pode se dar bem, mas a chance de dar errado é muito grande e são do mesmo elemento.”


Sendo assim, a teoria do inferno astral é refutada de muitas formas e ela não existe para a astrologia, pois ela considera apenas o signo solar e existem as casas e os planetas que também são importantes no mapa astral das pessoas e deveriam ser considerados. Além de que para comprovar essa teoria precisava-se de muitos anos de estudo e muitas pessoas para serem analisadas todos os anos no mesmo período que antecede seus aniversários.


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Os caldeus são povos semitas do sul da Mesopotâmia que habitavam a margem oriental do rio Eufrates que ocupavam regiões ao sul da Mesopotâmia, chamadas Caldeia, atualmente, são áreas atualmente localizadas na Síria, Iraque e Turquia. E eles foram um dos povos que contribuíram expressivamente nos conhecimentos astrológicos.




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