top of page

Crítica - Pantera Negra: Wakanda Para Sempre

Atualizado: 27 de nov. de 2022

Leonardo Lopes


Ryan Coogler tinha em suas mãos a difícil missão de encontrar um caminho para continuar a história do Pantera Negra sem o seu protagonista.


O diretor dos muitos bem recebidos pela crítica e pelo público “Creed: Nascido para Lutar” (2015) e do primeiro “Pantera Negra” (2018) retorna para a sequência do longa, quatro anos após a estreia de seu antecessor, que rendeu a Marvel Studios 1,3 bilhão de dólares, além de 7 indicações para o Oscar e 3 estatuetas conquistadas. O que não se podia esperar para essa sequência, é que ela não contaria com o seu principal nome.


Dois anos após o trágico falecimento de Chadwick Boseman, o filme não se desgarra dele em momento algum, sempre fazendo o espectador imaginar como seria com o T’Challa em determinadas ocasiões, desde o seu prólogo o filme te emociona e faz sentir a falta que Chadwick traz, tanto na vida real quanto na ficção com os seus personagens, a tradicional vinheta de produções da Marvel faz qualquer um ficar de olhos aguados com sua homenagem ao ator.


Pôster Oficial Pantera Negra: Wakanda Forever (Reprodução: Disney Brasil)


Pantera Negra: Wakanda Para Sempre não esquece em nenhum momento suas origens e representatividades tão importantes no primeiro filme, pelo contrário, negritude e ancestralidade continuam fortes aqui, e mais temas são evidenciados e colocados em questão, como imperialismo, colonialismo, pertencimento e luto. Esse último é o grande tema do filme, a produção passa os seus longos 160 minutos dando um claro enfoque nessa questão, e nem podia ser diferente, um filme que só de existir já é um milagre, tem no luto a sua principal força e os seus grandes momentos, boa parte desse sucesso vem da brilhante atuação de Angela Bassett como a Rainha Ramonda, mãe de T’Challa que agora assume o posto de rainha de Wakanda, cada cena onde está presente, Bassett entrega tudo de si e passa uma emoção digna de Oscar com seus discursos e seu evidente sofrimento.



O roteiro de Ryan Coogler e Joe Robert Cole que precisou ser todo reescrito, acerta nos dramas e nas apresentações, mas peca quando tenta fazer a história andar, o filme se perde ao colocar mais tramas do que deveria e com conexões amplamente desnecessárias, porém mais do que esperadas vindo do Universo Cinematográfico da Marvel que sempre está pensando no próximo projeto. Ryan Coogler tenta encaixar todas as subtramas em seu roteiro, para isso, como elemento introduz Riri Willians, a Coração de Ferro, vivida por Domique Throne, a personagem é a responsável por criar o conflito e ligar os caminhos entre as protagonistas e o vilão, a personagem esbanja carisma, mas serve só para criar um conflito raso, perdendo força com o desenrolar da trama e sendo tranquilamente esquecível, tal quais todas as cenas com Everett Ross vivido por Martin Freeman, que são amplamente descartáveis e tornariam o longa além de mais curto, focado ao que realmente importa.


O vilão Namor, conhecido o rei dos mares, o Deus subterrâneo é introduzido de maneira linda, brilhante e com um visual incrível, “Talokan” cidade submersa onde vive Namor e seus conterrâneos é bem elaborada, você encontra um excelente design de produção no ambiente marítimo, apesar de uma escuridão presente durante todas as cenas locadas na cidade. Tenoch Huerta manda muito bem na sua estreia como Namor, seus princípios, motivações e origens são refletidos na atuação do ator mexicano, mas é atrapalhado por um conflito extremamente superficial com Shuri, a irmã do Pantera Negra vivida mais uma vez por Letitia Wright, que por sua vez entrega muito em todas as cenas onde passa o sofrimento pela perda do irmão, tem uma boa dualidade que o roteiro a lhe emprega sobre religião e ciência, mas deixa a desejar quando tem que pegar o protagonismo e o peso de um manto todo para si, fazendo com que o terceiro ato do filme seja morno e sem risco algum.


O longa tem o seu principal defeito na montagem, cortes abruptos e cenas mal encaixadas te tiram o filme quase o tempo inteiro, além da já comentada questionável motivação para o desenrolar da história. Os efeitos visuais não desagradam comparados com as recentes produções da Marvel, e até com o primeiro Pantera Negra, vide o seu final com CGI criticado, aqui o CG não atrapalha e as cenas de luta são impactantes, o clímax destoa levemente também nesse quesito, mas nada que te tire do filme. Agora o que se mantém perfeito do início ao fim é a trilha sonora, um trabalho impecável do compositor Ludwig Göransson.


Se o prólogo te deixa de olhos aguados, o epílogo faz qualquer um desabar, as cenas após os créditos são de uma sensibilidade e de uma emoção sem igual, uma homenagem à altura do legado construído por esse brilhante ator chamado Chadwick Boseman.


Pantera Negra: Wakanda Para Sempre tem tantos erros quanto acertos, foca a maioria do tempo muito mais em Wakanda como um todo do que em algum personagem especifico e prova que no fim das contas, a emoção por si só, sem conteúdo não consegue estabelecer uma experiência de fato emocionante como se esperava.



Ficha Técnica

Classificação: 14 Anos

Duração: 161 Minutos

Diretor: Ryan Coogler

Roteiro: Ryan Coogler e Joe Robert Cole

Elenco: Letitia Wright, Angela Bassett, Danai Gurira, Winston Duke, Lupita Nyong’o, Martin Freeman, Tenoch Huerta, Dominique Throne, Michaela Cole

31 visualizações0 comentário

Комментарии


bottom of page