top of page

É Carolina, não Maria!

Carolina Maria de Jesus, a mulher negra que levou a favela para o mundo

Rafael Filho


(Crédito: Rafael Filho)


Vou escrever um livro referente a favela. Hei de citar tudo o que aqui se passa”. A fala é de Carolina Maria de Jesus, em um trecho do relato do dia 19 de julho de 1955. E a sua profecia se tornou realidade. Os diários, anotados em papéis que ela pegava na rua, se transformaram no livro Quarto de Despejo, lançado em 1960, que já foi traduzido para mais de 13 idiomas e levou o nome de Carolina para o mundo todo.


Da mesma maneira que fez a Editora Ática na seção "advertência aos leitores” da edição de 2020 do Quarto de Despejo; deixo ao leitor o aviso de que foram transcritos trechos do livro de maneira literal, respeitando a linguagem da autora. Pois mesmo não estando dentro das regras atuais de acentuação, grafia e gramática, isso “traduz com realismo a forma de o povo enxergar e expressar seu mundo”.


Mulher negra, de pouca instrução, mãe solo, de favela e catadora de papel. Carolina carregava diversos atributos que a tornavam presa fácil para o preconceito e a segregação social. Nascida em 1914 na cidade de Sacramento em Minas Gerais, ela retratou em diários a dura realidade da Favela do Canindé (Zona Norte de São Paulo) em um Brasil do século XX. Realidades estas que, mesmo no século seguinte, ainda são enfrentadas por muitas pessoas em todo o mundo. Carolina cursou até a segunda série do ensino fundamental, aprendendo o básico de leitura e escrita.


Influenciada por uma vizinha, criou a paixão por livros ao ter contato com a obra Escrava Isaura, de Bernardo Guimarães. Após a morte de sua mãe, mudou-se para São Paulo em janeiro de 1937. Trabalhava como doméstica na casa do médico Euryclides de Jesus Zerbini. Em seus momentos de folga, ficava na biblioteca da casa do patrão lendo e ouvindo músicas clássicas. Após engravidar, não pode trabalhar mais e passou a viver de catar papel, onde separava os melhores para as suas anotações diárias.


(Crédito: Rafael Filho)


Livro "O Quarto de Despejo"


Em abril de 1958 ela conheceu o jornalista Audálio Dantas. Ele estava na favela para fazer uma reportagem sobre a instalação de balanços para as crianças brincarem. Ao investigar as denúncias de que adultos estavam utilizando os brinquedos ao invés das crianças, Dantas relata a cena onde Carolina protestava: “Aonde já se viu uma coisa dessas, uns homens grandes tomando brinquedo de criança!”. Recebendo a indiferença deles como resposta, “Carolina, negra alta, voz forte, advertiu: Deixe estar que vou botar vocês todos no meu livro”.


Desse encontro surgiu uma amizade que se fortaleceria cada dia mais. A profunda admiração de Dantas pelo trabalho de Carolina, pode ser sentida nas próprias palavras do repórter. “Eu vi, eu senti. Ninguém podia melhor do que a negra Carolina escrever histórias tão negras. Nem escritor transfigurador poderia arrancar tanta beleza triste daquela miséria tôda. Nem repórter de exatidão poderia retratar tudo aquilo no sêco escrever”.


Audálio Dantas (ao centro, com Carolina à esq. E Ruth de Souza, atriz que viveu Carolina no teatro à direita): “A reportagem terminou. Eu digo: de tôdas as que eu fiz, em dez anos de correr mundo-Brasil, esta é a mais importante. não sei, não vi, mas acho que um pedaço de minha alma escorreu pelos meus dedos e ficou no papel”. Foto: Coleção Ruth De Souza/Arquivo Ims.


Dantas ajudou Carolina na publicação dos diários. E essa ajuda foi de extrema importância, pois segundo comentário dele no prefácio do livro, muitas portas se fecharam para ela. Carolina procurou diversas editoras e chegou até a enviar para outro país, recebendo sempre o não como resposta. Ela desistiu de tentar publicar, “mas continuou a escrever sôbre fome, briga, lama, safadezas e outras coisas de favela”.


O primeiro dia do diário (15 de julho de 1955), mostra logo de cara ao leitor algo que se repete durante todo o livro: a triste realidade dos moradores de favela; e principalmente a dor de uma mãe por não ter condições de atender aos desejos mais simples de seus filhos. “Aniversário de minha filha Vera Eunice. Eu pretendia comprar um par de sapatos para ela. Mas o custo dos generos alimenticios nos impede a realização dos nossos desejos. Atualmente somos escravos do custo de vida. Eu achei um par de sapatos no lixo, lavei e remendei para ela calçar”.


Carolina de Jesus: “Há as mulheres que os esposos adoece e elas no penado da enfermidade mantem o lar. Os esposos quando vê as esposas manter o lar, não saram nunca mais”. (Crédito: Rafael Filho)


A historiadora sorocabana Mariana Alice Pereira Schatzer Ribeiro conta que até pouco tempo o nome de Carolina não era muito falado fora dos espaços acadêmicos. “A ampla divulgação da autora começou a partir de 2019 com a inclusão do livro O Quarto de Despejo na Lista de Leituras Obrigatórias do vestibular da Unicamp-SP”, afirma.


Doutora em História pela Unesp de Assis/SP, Ribeiro comenta que as Universidades são reconhecidas pela excelência do ensino e, principalmente, por propor discussões mais atualizadas, cujas reflexões ultrapassem o “academicismo formal”, com a valorização de outros sujeitos históricos, ou seja, eles ampliaram as análises para uma perspectiva descolonial. “No ano seguinte, por exemplo, foi incluída a obra “Sobrevivendo no Inferno”, publicada pela Academia das Letras, a qual apresenta uma análise crítica e a transcrição das letras do grupo de rap Racionais MC´s”, complementa Mariana Ribeiro.


Mariana Ribeiro:“Eu conheci a biografia de Carolina em um congresso científico na Universidade, através de uma estudante de Letras que pesquisava a sua trajetória. Desde o primeiro momento me encantei e li a obra Quarto de Despejo”. (Crédito: Rafael Filho)


Por toda a leitura do livro Quarto de Despejo, é possível encontrar exemplos das mais adversas situações vividas por moradores de uma favela. Carolina relata que em seu dia a dia, houve momentos em que teve que trocar três litros (garrafas de vidro) por pão. Ela também visualizou brigas de casais, tentativas de homicídio, alcoolismo, fofocas de vizinhas, reclamações de que seus filhos faziam bagunça, filas para pegar água e para lavar roupas no rio, entre outras. “Ela disse: - A unica coisa que você sabe fazer é catar papel. Eu disse: - Cato papel. Estou provando como vivo! … Estou residindo na favela. Mas se Deus me ajudar hei de mudar daqui. Espero que os políticos estingue as favelas”, respondeu Carolina a uma vizinha que a provocava, desmerecendo a forma como ela obtinha seu sustento.


Mariana Ribeiro leu o Quarto de Despejo e recomenda a leitura a todos. Ela afirma que a obra traz um panorama das periferias brasileiras, em especial, a paulistana no final da década de 1950. E que o livro é o retrato de um Brasil negligenciado que infelizmente ainda nos assombra.


Mariana Ribeiro: “O diário de Carolina retrata inúmeras situações vivenciadas naquela época na periferia do Canindé como: o abandono do Estado, a insegurança alimentar, a criminalidade, as condições precárias da população e, em especial, a violência doméstica e a luta das mulheres para conseguirem criar os seus filhos em meio ao cotidiano repleto de obstáculos”. (Crédito: Rafael Filho)


Quarto de Despejo vendeu 10 mil cópias em 4 dias e 100 mil em um ano. O livro trouxe à tona discussões sobre a qualidade de vida dos moradores de favela, algo que não ocorria na época dos anos de 1960. O título dele vem da ideia de que as pessoas eram despejadas ali pelo governo, para que não ficassem nas ruas. “Vejam o sol que entra agora no Quarto de Despejo. Aqueçam-se, irmãos, que a porta está aberta. Carolina Maria de Jesus achou a chave. Aqueçam-se!”, disse Dantas na apresentação do livro. Segundo o professor e poeta Carlos Vogt, na seção Fortuna Crítica da versão de 2020 do livro, Carolina “passou a ser assunto constante de jornais e revistas nacionais e internacionais, com amplas reportagens em Life, Paris, Match, Epoca, Réalité e Time. Esta última compara os 80 mil exemplares vendidos do livro ao sucesso comercial de Lolita, de Nabokov”.


Audálio Dantas:“O livro é o que eu digo e o que todos dirão, agora: grito de protesto. Documento grande de angústia. Saiu do lixo, como sua autora, para revelar pedaço de vida brasileira. Com muita fôrça de forte que é”. (Crédito: Rafael Filho)


Carolina não escreveu diários entre 29/07/1955 e 01/05/1958. Não se sabe o motivo. Dantas acredita que talvez fosse por ela estar passando por momentos de falta de esperança. Não sabendo administrar a fortuna oriunda dos livros, juntamente com as batalhas contra o preconceito da sociedade que ao invés de valorizar o seu trabalho, creditava o sucesso à figura de Audálio (homem, branco, graduado), Carolina volta a pegar papel na rua e vem a falecer em 1977. Em 2017, a história da escritora foi contada por Tom Farias no livro Carolina – Uma Biografia, da editora Malê.


Bandeira do Brasil construída com buchinhas de lavar louças e sustentada por esfregões usados para limpeza de chão, demonstrando que o trabalho sustenta o país. (Crédito: Rafael Filho)


Carolina e a riqueza de suas opiniões


O que chama muito a atenção quando se fala de Carolina, é a propriedade com que ela, mesmo sem ter um alto nível escolar, tecia críticas aos mais diversos problemas sociais, como a política por exemplo. “Os visinhos das casas de tijolos diz: - Os politicos protegem os favelados. Quem nos protege é o povo e os Vicentinos. Os políticos só aparecem aqui nas epocas eleitoraes… Mas na Camara dos Deputados não criou um progeto para beneficiar o favelado…Eu classifico São Paulo assim: O Palacio, é a sala de visita. A Prefeitura é a sala de jantar e a cidade é o jardim. E a favela é o quintal onde jogam os lixos”.


Sua obra foi elogiada por grandes nomes, como Clarice Lispector. Ao dizer que Clarice era uma escritora de verdade, Carolina recebeu como resposta que ela sim era uma escritora de verdade. “Escrevo a miséria e a vida infausta dos favelados. Eu era revoltada, não acreditava em ninguém. Odiava os políticos e os patrões, porque o meu sonho era escrever e o pobre não pode ter ideal nobre. Eu sabia que ia angariar inimigos, porque ninguém está habituado a esse tipo de literatura. Seja o que Deus quiser. Eu escrevi a realidade”, disse Carolina.


Artes representando as dificuldades do povo pobre. (Crédito: Rafael Filho)


E qual era o contexto de uma mulher negra nas décadas de 1950/1960? Mariana Ribeiro explica que apesar de toda a urbanização e modernização vivenciada a partir da década de 1930, tal avanço não se estendeu às mulheres negras. Para muitas delas, o estudo ainda era negado. Inúmeras trabalhavam nos serviços domésticos, não recebiam as condições de vida e trabalho adequadas. “Não podemos esquecer do termo ‘quarto de empregada’, um local minúsculo, muitas vezes sem janela e ventilação, que era dedicado às funcionárias domésticas que viviam em seus trabalhos, em condições precárias” aponta a pesquisadora.

Conforme explicação de Mariana Ribeiro, mesmo com a abolição da escravatura, inúmeras mulheres ainda permaneciam no estágio da “senzala” e os seus direitos lhes eram negados. Estas, com alguma sorte, ao menos não enfrentavam a insegurança familiar, mas sim centenas de humilhações. Já outras, “lutavam com seus companheiros no sustento e criação dos filhos, algumas estiveram ligadas ao Movimento Negro, ao Movimento de Mães e outras práticas associativas na luta pelo acesso aos direitos básicos” a professora detalha.


As modelos Stephanie Milena e sua avó Maria Rosenita (à esq.), na obra de Leo Felipe (MG) “Alma de Carolina, Série Toda a alma é raiz, 2021”. À direita, a atriz Ruth de Souza e Carolina em pintura sobre tela, da coleção de Ana Olivia Liran e Ira Liran, São Paulo, 2020. (Crédito: Rafael Filho)


Segundo palavras de Mariana Ribeiro, alguns interpretam Carolina Maria de Jesus como um “acaso”, haja vista que ela foi descoberta por um jornalista do O Estado de São Paulo que foi realizar uma matéria na periferia do Canindé. No entanto, para ela, Carolina é justamente o retrato da mulher negra e periférica brasileira, a qual luta, na maioria das vezes, sozinha, sem o apoio de um companheiro ou de políticas sociais adequadas de um país pela sua sobrevivência e de sua família. “Para além da resistência, a escritora ainda é um exemplo de como o amor pela leitura e o estudo podem transformar vidas, independente de onde os indivíduos estejam”, reforça a professora.


Essa visão de Mariana Ribeiro, vai ao encontro do que foi falado pela escritora Cidinha da Silva (autora do livro Um Exu em Nova York - Editora Pallas, 2018), no prefácio da edição comemorativa do livro O Quarto de Despejo, lançada em 2020 pela editora Ática. Nele, Cidinha fala que é preciso divulgar cada vez mais Carolina, pois mesmo ela sendo uma pessoa singular dentro do sistema literário nacional, muitas pessoas ainda escrevem seu nome errado, invertendo o Maria para o início. A escritora enfatiza que “esse equívoco é cometido por jornalistas e, pasmem, por estudiosos de literatura. Contudo, republicá-la mais e mais pode ajudar as pessoas a registrarem seu nome como ele é, lerem sua obra e reverenciarem seu legado”.


Cidinha comenta também que ações assertivas (como o texto de Carlos Vogt, na seção Fortuna Crítica do mesmo livro comemorativo citado acima), fazem com que seja diluída a “força destruidora da discriminação racial que estigmatizou Carolina e a encastelou na imagem de ‘escritora favelada de sucesso’”.


Mariana Ribeiro: “Para além da resistência, a escritora ainda é um exemplo de como o amor pela leitura e o estudo podem transformar vidas, independente de onde os indivíduos estejam”. (Crédito: Rafael Filho)


Para Mariana Ribeiro, que é autora do livro “Entre a fábrica e a senzala: um estudo sobre o cotidiano dos africanos livres na Real Fábrica de Ferro São João do Ipanema – Sorocaba – SP (1840-1870), Carolina é de suma importância para a cultura nacional. Mas ela reforça que precisamos lembrar que ela não é a única. “Nós possuímos inúmeras escritoras negras que ainda necessitam de ampla divulgação, valorização e reconhecimento como: Conceição Evaristo, Sueli Carneiro, Lélia Gonzalez, entre outras”. Ela complementa que “estas mulheres também têm inspirado uma nova geração de escritoras negras, seja na literatura ou no mundo acadêmico, e que com suas experiências ampliam as análises acerca do nosso país e nos trazem representatividade”.


Por fim, Mariana Ribeiro ressalta que a luta ainda continua. Ela afirma que a população mais vulnerável e com menor renda no mercado de trabalho ainda é a de mulheres negras nos espaços domésticos. “Portanto ainda é de extrema relevância a criação de políticas públicas, a revisão da legislação trabalhista dos empregados domésticos, o incentivo à participação política, à capacitação e ao conhecimento técnico e científico das mulheres em todo o país”, conclui Mariana.


Exposição no Sesc de Sorocaba/SP


Entre os dias 15 de junho e 25 de setembro de 2022, o Sesc de Sorocaba/SP recebeu a exposição “Carolina Maria de Jesus: um Brasil para os brasileiros”. Em correalização com o Instituto Moreira Salles e sob a curadoria Hélio Menezes e Raquel Barreto, a exposição teve como objetivo, segundo a organização, apresentar a produção autoral de Carolina “que incluiu a publicação, em vida, de outras obras, além de destacar suas incursões como compositora, cantora, artista circense – uma multiartista”.


Painel iluminado com frase de empoderamento da mulher negra. (Crédito: Rafael Filho)


Com acesso gratuito, os visitantes puderam visualizar diversos materiais como livros, fotos, artes, documentos históricos, esculturas, roupas, vídeos, áudios entre outros, que contam a vida e a obra de Carolina. A exposição “é resultado de um enorme esforço para destacar a grandeza da escritora e apresentar Carolina Maria de Jesus como convém: mulher negra e artista emancipada, símbolo de resistência e de luta política e cultural para o país”, sintetiza a organização, através do site do Sesc.


Na opinião de Mariana Ribeiro, a exposição contribui para a divulgação e o conhecimento da trajetória de Carolina ao apresentar ao público em geral a sua história e obras. “No entanto, como já me referi, Carolina não é a única e anseio que outras exposições sobre escritoras negras aconteçam, sejam elas produzidas pelo Sesc ou outras instituições”, pondera a professora.


Mariana Ribeiro: “A exposição despertou-me muitas reflexões acerca de nosso país e da trajetória da autora. Além disso, a proposta de elencar os acontecimentos importantes de sua biografia, relacionando-a com a da História Afro-brasileira foi de suma importância para a compreensão dos visitantes”. (Crédito: Rafael Filho)


Quem visitou a exposição pôde ver não somente ações relacionadas a Carolina, mas também materiais que fazem alusão a temas como preconceito, fome, pobreza e desigualdades sociais, políticas e educacionais. Como forma de interação, os participantes puderam visualizar livros, documentos e anotações de maneira digital, além de ter acesso a um experimento social de conscientização utilizando um desinfetante, que foi motivo da prisão injusta do jovem negro Rafael Braga, no Rio de Janeiro, em 2013.


Mariana Ribeiro: “Fiquei extremamente emocionada com o ‘manual de sobrevivência’ (interpretado por ela, após o experimento social) para a comunidade afrodescendente em meio ás abordagens policiais”. (Crédito: Rafael Filho)


“Rafael, você pode me dar um momento antes de continuarmos?”, me disse Mariana, com profunda emoção e lágrimas nos olhos, ao terminar de ler os textos Monumento ao Homem Branco e Preta Vida Preta Vida Preta, que explicavam o caso Rafael Braga e como seria o experimento social que se encontrava ali no chão, respectivamente. Em 20 de junho de 2013, o catador de recicláveis Rafael Braga foi preso sob a alegação de estar portando materiais que poderiam ser utilizados para a confecção de explosivos. Mesmo após a perícia da polícia civil ter afirmado que os frascos de desinfetante e água sanitária não eram inflamáveis, Braga ficou preso por 2 anos e 4 meses, mesmo não tendo participado dos fortes protestos que ocorreram no Brasil naquela época.


Em 2016, ao cumprir prisão domiciliar, Braga saiu de casa para comprar pão, e em uma abordagem policial, lhe foi imputado o crime de porte de drogas. Mesmo com falhas nas investigações, contradições nas falas dos policiais e silenciamento de testemunhas de defesa, o Ministério Público o condenou a 11 anos de prisão. O experimento pedia que o visitante retirasse uma garrafa do desinfetante, refletisse sobre a mensagem que aparecesse no chão e levasse consigo a garrafa. O intuito era de se vivenciar a sensação de portar algo, que para muitos tão inofensivo, mas que poderia ser facilmente categorizado como arma. Devido a forte emoção e a sensação de empatia pela história de Braga, Mariana Ribeiro não conseguiu concluir o experimento. Desculpando-se, disse uma frase para finalizarmos o passeio, com as poucas palavras que conseguia pronunciar: “Fiquei extremamente emocionada com o ‘manual de sobrevivência’ (interpretado por ela, após o experimento social)para a comunidade afrodescendente em meio às abordagens policiais”.


(Crédito: Rafael Filho)

(Crédito: Rafael Filho)








64 visualizações0 comentário

Comments


bottom of page