top of page

CriAtivando: A desgraça do bloqueio e a glória do questionamento

Carolina Duque



Permita-me contar uma história: noutro dia, em meio a um bloqueio criativo pessoal, encontrei por acaso os versos de Álvaro de Campos (heterônimo de Fernando Pessoa) escritos para o poema ‘Tabacaria’ e me deparei com um formato de texto completamente diferente daqueles cantantes que o autor costumava escrever. Nesse texto, Álvaro novamente se perdia no alarido das ideias e se questionava sobre muitas coisas e sobre si mesmo, quando parecia não dizer nada com nada, foi exatamente aí que ele disse muito e escreveu um texto incrível. E é esse o ponto de discussão para a coluna dessa vez: quando a criatividade falta, novas oportunidades aparecem.


Não estou dizendo que Fernando Pessoa não estava criativo na hora que escreveu aquelas palavras, longe disso, mas a série de questionamentos que o autor traz no texto faz-me pensar que, eventualmente, a falta de criatividade ou a falta de saber o que falar pode ser uma grande brecha para o autoconhecimento e, obviamente, para a criatividade voltar a aflorar. Mas antes, vamos entender sobre a criatividade. No dicionário seu conceito está definido como a inteligência ou talento para criar, inventar, inovar, construir, produzir, enfim, uma série de atividades que são desenvolvidas a partir de algo que pode ser nato ou praticado. Mas e quando ela vai embora? Com Álvaro de Campos eu aprendi a resposta: apenas questione!


Questionar-se é bastante assustador. Por vezes nos deixamos levar pela rotina acelerada, ocupada e metódica que pouco nos perguntamos sobre as coisas que nos cercam, sobre o que tem ou não importância, sobre o que pensamos disso ou aquilo, não importa, mas o ‘questionar-se’ se perdeu e com isso perdemos, também, a oportunidade de abrir as novas portas do pensamento. Veja uma criança por exemplo, é comum elas questionarem: “porque o céu é azul?”, “porque vamos para a escola?”, “por que as pessoas se casam?”.


Precisamos, talvez, retomar a capacidade infantil do questionamento, pois foi me questionando que eu descobri que a cor amarela é a minha favorita porque me lembra as manhãs ensolaradas que eu passava de férias na casa da minha vó. Também foi assim que aprendi que eu tenho medo de delegar algumas necessidades simplesmente porque sei que elas sairiam totalmente do meu controle. Foi me questionando que eu me conheci e foi só por me questionar que eu escrevi essa coluna. E agora eu deixo a provocação: sobre o que você tem se questionado?


9 visualizações0 comentário

Comentários


bottom of page